terça-feira, 18 de outubro de 2011

Pouso


Por mais que tente
Não evito
Que meu coração levite
E, largado do corpo
Flutue no éter
Ao sabor de sua própria vontade
Independente de correntes
Supere qualquer barreira
Para pousar,
Lentamente
Onde quer que estejas

HAROLDO RIBEIRO

sábado, 15 de outubro de 2011

ANTAGONISMOS


Enquanto a quente e áspera areia
Me maltrata os pés
Ondas suaves e frias
Se ocupam em lambê-los
Enquanto o sol e a maresia
Me faz saltar água aos olhos
Amena brisa os acaricia
Enquanto violentas ondas açoitam os rochedos
Ribombando em meus ouvidos
O chiado da alva espuma, que se desfaz
Murmura, para eles, pura paz
Assim minha vida
Nossas vidas
Divididas entre amores e rancores
Entre breu e fulgores
Sentimentos antagônicos
Hiatos que se entrelaçaram
Tentando ocupar espaços
Cada vez mais vazios

HAROLDO RIBEIRO

Nuvens



No silêncio do encontro, fico com meus pensamentos, conversas paralelas,
sons do mundo.
Voz de criança, canto de pássaros, música, MÚSICA!! Ecos.
O homem grita vendendo picolé.
Ao meu lado, uma mulher se bronzeia de olhos fechados, parece estar longe daqui.
Ao longe, crianças brincam na areia, construindo castelos
que as ondas do mar derrubam, vejo também pescadores tirando sargaço do
anzol, nada de peixe!
Olho para cima e vejo um céu azul, poucas nuvens!!
Começo a brincar com as nuvens que vejo, escolho uma e clico.
Fotos do céu.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Meu Coração


Para quem desejar conhecer meu coração
vou logo avisando que ele é vermelho, vibrante e barulhento.
Palpita pra lá e pra cá, as vezes erra o ritmo,
as vezes ritmado, as vezes sem ritmo algum,
É meu o coração inflado, apaixonado e delirante
que acha que bate certo, mesmo quando perde o ritmo
e sai batendo errado, devagar, encontra a calmaria ritmada
Logo,logo volta a se empolgar e retoma o ritmo descompassado
tum, tum....emocionadamente.

Horas


Acordei assustada! Perdi a hora, pulei da cama!
Você não me acordou, simplesmente saiu de mansinho!
Deixando saudades.

Alma



Queria conhecer a tua alma! Como posso? Se nem a minha conheço!


Durmo ou não? Passam juntas em minha alma
Coisas da alma e da vida em confusão,
Nesta mistura atribulada e calma
Em que não sei se durmo ou não.

Sou dois seres e duas consciências
Como dois homens indo braço-dado.
Sonolento revolvo omnisciências,
Turbulentamente estagnado.

Mas, lento, vago, emerjo de meu dois.
Disperto. Enfim: sou um, na realidade.
Espreguiço-me. Estou bem... Porquê depois,
De quê, esta vaga saudade?


Fernando Pessoa

O Corpo



Sou movimento, matéria,átomo, opaco.
Sou som, sentido, pele, calor, grito!!
Sou equilíbrio, somente...
Parte do universo, corpo que ganhei, corpo que deixarei e se tornará átomo,opaco, morto.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Palestra no Círculo das Idéias - 2011


Cheguei de mansinho, me acomodei confortavelmente e fiquei prestando atenção nas palavras ditas, a barulheira incomodava o ambiente, o som do microfone estava baixo ou o som externo estava acima do permitido.
Tema: Poesia
Observei o palestrante, seus gestos, seu rosto, de vez em quando ele puxava a camisa, como se ela incomodasse a pele, as pessoas entravam e saiam do círculo das idéias, um vai e vem de corpos, senti que alguns presentes prestavam atenção no assunto, outros não entendiam nada!
O palestrante defendia a ideia que a Poesia não está a serviço de ninguém e que a poesia liberta. Pensei, pensei...dito dessa forma não sou uma escritora, sou apenas uma pessoa que só escrevo algo quando toca minha alma, sem isso, fico sem palavras. Pensei...pensei mais sobre o que ouvi e descobri que me inspiro na respiração do outro, nos movimentos dos outros, como um jogo de xadrez, escrevo,registro algo que me atraiu e me desperta a descrever que sinto. Como somos corpo em movimento, energia constante, ouvi do palestrante a palavra viceral (Profundo, intenso, figadal)me senti remando contra a maré. No final da apresentação, abracei o palestrante e sai de mansinho. Passadas apressadas...sem olhar para trás, segui com minha alma, consciente que todo estímulo que recebo, provocam reações que não brigam com o papel em branco, escrevo com o meus sentimentos particulares, isso é fato! Preciso exercitar a não inspiração para me inspirar, será que vou conseguir um dia? Escrever sem minha alma? Sem que meus sentimentos interfiram na minha inspiração? Fica a lembrança do momento que nunca mais será repetido, único momento!! Só as imagens gravadas e as fotos registraram o acontecimento. Pessoas que nunca mais vão se encontrar, sons que não serão mais ouvidos, fica a lembrança do fato que faço questão de registrar aqui!! Inspirada no que vi.